Diário de viagem, 2017
Desenho, aquarela e fotografia
Foi a partir de uma residência em Portugal, quando expus desenhos e aquarelas como parte de uma performance realizada no Museu do Traje, em Viana do Castelo, que voltei a pensar o desenho como linguagem. Como muitos de meus projetos recentes envolvem deslocamentos no espaço, além da facilidade de transporte, o desenho possibilita estabelecer uma relação mais direta com os objetos e paisagens retratadas, tal qual as práticas de registro dos artistas viajantes do séc. XIX.
A Reserva Serra Bonita fica numa região de Mata Atlântica quase intocada, em Camacan, na Bahia, onde o acesso é feito com 4 x 4, subindo uma serra íngreme por quase uma hora. A reserva possui um centro de pesquisa de flora e fauna da Mata Atlântica, e inclui um museu e uma biblioteca especializada em mariposas. Há cerca de três anos o Instituto que administra a Reserva adquiriu algumas fazendas abandonadas de cacau e está implementando projetos de sustentabilidade com agricultores locais além de estar em andamento a inauguração de um Museu do Cacau.
O projeto inicial tinha como foco a coleção de borboletas do museu mas exatamente no período de nossa estadia o entomologista responsável pelo centro de pesquisa precisou viajar e o museu permaneceu fechado. Impossibilitadas de seguir o planejado, decidimos trabalhar a partir do que se encontrava disponível: frutos, plantas, insetos e sementes que abundam naquele habitat tão exoticamente tropical. Baseada em algumas notas e desenhos que formaram meu diário de campo, ao retornar, naquele ano concebi a obra Comedouro – resta um, para a exposição “Não Matarás”, no Museu Nacional de Brasília.
Residência: Reserva Serra Bonita, 2017
Instituto Uiraçu (Camacan)
Projeto em parceria com Isabela Couto