Bichos I (1 mesa-bicho branca e Coleção Terracota), 2014
Madeira, metal, acrílico/ Objetos e cerâmica plástica

Bichos II (4 mesas-bicho pretas e Coleção Ouro), 2014
Madeira, metal, acrílico/ Infláveis, gesso e ouro imitação

            As duas coleções de Gisel Carriconde Azevedo exibem bichos. Bichos pós-humanos e Bichos pós-terranos que são criados do encontro tenso entre a humanidade e a Terra. Dos dois lados do encontro, bichos. Dos dois lados do encontro, resquícios da terra cozida no húmus humano e do sintético humano que povoa a zoologia do planeta. Os bichos da coleção Terracota são pós-terranos já que aparecem saindo de uma pós-era comum, que já não é mais Gaia, mas aquela que foi contaminada de elementos antrópicos na sua microbiota, na sua geologia, na suas entranhas. Eles repousam sobre uma plataforma comum, que talvez como o organismo que é o planeta Terra, é um bicho. Também sobre estranhas mesas-bichos se apoiam os bichos pós-humanos da coleção Ouro. Eles são paridos da humanidade, e como ela tem uma vocação cyborg e separatista de se desterritorializar. Eles não são mais os bichos que nos antecedem ou nos sucedem em uma genealogia trans–específica. São artefatos. Mas são bichos — e ainda nos fazem companhia.

Hilan Bensusan


Exposição: “Melhor de 3”, 2014
Museu Nacional da República (Brasília)
Curadoria de Wagner Barja